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Hoje, setembro de 2022, que país encontramos?

Hoje, estamos em 2022. Mais precisamente no mês de setembro (convido você a fazer esse exercício). Vamos imaginar o que nos aguarda, enquanto classe trabalhadora.

Nesse nosso ano imaginário, já temos condições de fazer um balanço de todas estas reformas, ocorridas em 2019, e de todas as consequências verificadas nos anos seguintes.

Vale fazer um parênteses. Nos anos recentes da nossa história, nunca os patrões estiveram tão fortalecidos, conseguindo impor sua agenda em conformidade com o pensamento da classe política, tanto no Executivo quanto no Legislativo.

FIM DA PREVIDÊNCIA?

Voltando ao nosso exercício imaginário, lá no ano de 2019, o Congresso aprovou a tão “necessária” reforma da previdência, para “equilíbrio” das contas públicas. Hoje, mês de setembro de 2022, no entanto, o país continua em situação semelhante. O déficit público não foi estancado como prometido há três anos, pois a máquina estatal continuou pesada, agregando outras despesas.

E quanto aos impactos desta reforma previdenciária de 2019 para a vida e o futuro dos trabalhadores?

Pois bem. Após a aprovação da reforma, o então ministro Paulo Guedes conseguiu implantar a sua tão almejada previdência privada. No início, devido a propaganda governamental e mais outros “incentivos” do governo, houve uma boa adesão, engordando os planos privados, a maioria geridos por grandes bancos.

No entanto, como já era de se supor, aos poucos a adesão foi caindo. Da mesma forma, a inadimplência aumentou e simplesmente temos hoje, em setembro de 2022, uma maioria absoluta de trabalhadores jovens fora do sistema público de previdência e sem condições de aportar dinheiro nos planos privados.

Por estarmos em plena campanha eleitoral, os candidatos da oposição apresentam, entre suas bandeiras, a revisão deste sistema e outras formas de voltar a garantir a contribuição compulsória para a previdência pública, hoje totalmente deteriorado.

DESONERAÇÃO PARA O PATRÃO

Em 2019, o Governo conseguiu aprovar também uma reforma tributária. Desonerou a folha de pagamentos das empresas, acabando com a contribuição patronal de 20% para a seguridade, com o argumento de que isso geraria mais empregos.

No entanto, isso se mostrou totalmente equivocado – o que levou o ministro Paulo Guedes a pedir o boné.

Afinal, o que gera emprego é consumo. Tem que ter gente para consumir o que a empresa produz. E para consumir, tem que ter renda.

De 2019 a 2022, a renda média do trabalhador brasileiro caiu forte, pois trabalhadores com mais tempo de empresa foram substituídos por jovens e estes passaram a ganhar um salário bem inferior e praticamente sem nenhum direito trabalhista.

E o que é mais importante de se avaliar neste nosso ano fictício de 2022. Na esteira da reforma tributária, o Congresso aprovou, ainda em 2019, mais uma reforma trabalhista, uma espécie de versão 2.0. E, ainda, o governo cumpriu uma de suas promessas de campanha, implantou a carteira verde amarela.

Estas duas propostas tiveram como resultado não a geração de novas vagas, mas simplesmente o deslocamento do emprego. As empresas passaram a contratar a força de trabalho jovem, menos onerosa.

Trabalhadores que tinham mais tempo de trabalho, com a perda de emprego, foram para a informalidade, que aumentou em relação aos números de 2019.

E quanto aos sindicatos?

Na reforma trabalhista 2.0, sob o argumento falacioso da pluralidade sindical, conseguiram desmontar o principal instrumento de defesa dos trabalhadores.

Lembramos que foi graças a unidade nacional do movimento sindical bancário, que  conquistamos muitos direitos. Já a divisão do movimento, que passou a ocorrer gradativamente a partir de 2019, resultou em menos força para os trabalhadores. Ou seja, tudo o que os patrões queriam.

Hoje, em 2022, o balanço que fazemos, em relação à classe trabalhadora, não é nada bom. Perdemos direitos, renda e perspectiva de futuro, uma vez que sequer há a garantia de uma aposentadoria pública.

E QUE LIÇÃO TIRAMOS DISSO?

Olhando em retrospecto, podemos tirar uma importante lição. Isso só aconteceu porque a classe trabalhadora “comprou” a ideia patronal: “reformas são necessárias”, “sem reforma o país quebra”, “sindicatos apenas oneram os trabalhadores”, “melhor relação entre patrão e empregado sem sindicato”, e assim por diante.

Faltou a luta, quando esta se fez necessária, faltou a união, faltou a participação de todos, faltou a visão crítica sobre tudo o que estava acontecendo em 2019. Bem, como isso tudo isso é passado, agora estamos pagando o preço por nossa inanição.

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