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Resistência do movimento sindical venceu mais uma tentativa de se acabar com jornada de 6h

Mais uma vez, a união e luta dos trabalhadores foram capazes de garantir a manutenção de direitos e de barrar tentativas de precarização do trabalho. Foi aprovada no dia 17 de junho, pelo Senado, a MP 939, que visa diminuir o impacto da pandemia da Covid -19 na economia, mas que escondia armadilhas.

Durante a tramitação da MP, houve tentativas de mudança na jornada de trabalho que afetaria diretamente a categoria bancária, abrindo espaço para aumento da jornada de 6h sem aumento de salário e trabalho aos fins de semana.

Também a ultratividade – que garante a manutenção das cláusulas das convenções ou dos acordos coletivos que venceram ou vierem a vencerem durante o período de vigência do Estado de Calamidade Pública – esteve ameaçada, mas a atuação do movimento sindical junto aos parlamentares foi fundamental para reverter as tentativas de retrocesso. A vitória será completa se o texto, como aprovado no Senado, for mantido na sanção presidencial. Caso contrário, mais luta pela frente!

 

HISTÓRIA DA JORNADA DE 6H

Vale lembrar que a luta pela conquista da jornada de seis horas no início dos anos de 1930 foi dura. Naquela época, os bancários trabalhavam das 9h às 18h. A atividade era extremamente desgastante, causando diversas doenças, como as lesões por esforço repetitivo, devido a operação de máquinas de datilografia, telex e calculadores. Havia ainda um número elevado de tuberculose entre os bancários, pois muitos trabalhavam em ambientes fechados em contato permanente com numerários.

 

PRIMEIRA GREVE
Em abril de 1932, os funcionários do Banco do Estado de São Paulo, da capital e de Santos, paralisam suas atividades, na primeira greve da categoria. Quatro razões os motivaram a cruzar os braços: supressão de gratificações semestrais no valor de três salários; fim do abono de 5% depois de cinco anos de serviço; demissão de trabalhadores que não estavam recuperados após o fim da licença de saúde; e o valor das horas extras noturnas. A greve dura dois dias e é vitoriosa.

Nesse mesmo ano começa a luta pela jornada de seis horas, conquista que marcou a década de 1930 e está enraizada na vida dos bancários até hoje. Naquele período, a jornada, muitas vezes, se estendia até a madrugada e sem recebimentos extras. Essa realidade foi modificada em 1933, quando, em novembro, foi conquistada a redução da jornada para seis horas diárias.

Hoje, passados 87 anos, as tentativas de se acabar com esta importante conquista permanecem. Houve tentativa durante o Governo Temer, quando da discussão da Reforma Trabalhista e está acontecendo agora.

 

BANCÁRIOS ADOECENDO

Vale destacar que a jornada de seis horas, no atual contexto em que vivemos, é extremamente importante para a manutenção, principalmente da saúde psíquica dos trabalhadores bancários. Ansiedade, depressão e a síndrome de burnout estão entre as doenças que mais atingem aos trabalhadores.

Um levantamento realizado pela International Stress Management Association, aponta que, em 2018, nove em cada 10 brasileiros no mercado de trabalho apresentam sintomas de ansiedade e cerca de 47% sofrem de depressão. Outro estudo, realizado pela Talenses Executive, aponta que 70% dos executivos que ocupam cargo de chefia já apresentou, em algum momento da carreira, algum transtorno mental relacionado ao trabalho.

A situação é muito preocupante. Os casos de transtornos mentais estão aumentando em várias categorias. Entre os bancários ela é agravada pelas reestruturações dos bancos e pelas cobranças abusivas sobre metas inatingíveis.

 

AFASTAMENTO DO TRABALHO AUMENTA

O número de bancários afastados por doenças cresceu substancialmente entre 2009 e 2017, segundo dados do INSS. O total de trabalhadores que tiveram benefícios acidentário ou previdenciário foi de 13.297 em 2009. Oito anos depois, 17.310 tiveram de se afastar do trabalho por conta de enfermidades. Aumento de 30%.

Mais de 50% dos casos referem-se a transtornos mentais (aumento de 61,5%) e enfermidades relacionadas a lesões por esforço repetitivo (crescimento de 13%).

 

LUTAR E RESISTIR

Diante do exposto, não resta dúvida de que um aumento de jornada só agravaria ainda mais os problemas decorrentes do trabalho, principalmente os psicológicos, uma vez que a pressão é muito grande. E essa pressão vem da empresa, que estipula metas cada vez mais altas, da pressão do próprio mercado de trabalho e do trabalhador, temeroso de perder o emprego.

Portanto, é preciso resistir, como sempre fizemos, a qualquer tentativa de se acabar com direitos, principalmente conquistas tão fundamentais como a jornada de seis horas. Mantemo-nos sempre vigilantes e prontos para a luta!

 

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